A SpaceX, empresa de Elon Musk que opera a rede de internet via satélite Starlink, pagou US$ 17 bilhões pelo ‘wireless spectrum’, ou a faixa de frequência, da EchoStar. A EchoStar, empresa de telecomunicações de Charlie Ergen, está em uma investigação regulatória e tem dívidas bilionárias.
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A SpaceX está comprando as licenças de espectro AWS-4 e H-block da EchoStar, destinadas a comunicações via satélite e móveis, de acordo com um comunicado divulgado nesta segunda-feira (8).
A empresa de Elon Musk vai pagar US$ 8,5 bilhões em dinheiro e US$ 8,5 bilhões em ações da SpaceX. A SpaceX também vai financiar cerca de US$ 2 bilhões da dívida da EchoStar até novembro de 2027.
A EchoStar usará os recursos da SpaceX para pagar parte de sua dívida de US$ 25 bilhões.
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A SpaceX já é provedora de banda larga residencial em crescimento por conta da Starlink. A empresa ingressou no setor de telefonia móvel com uma parceria com a T-Mobile.
No entanto, os novos direitos de espectro melhorariam significativamente a capacidade da Starlink de se conectar a celulares em áreas remotas, fora do alcance das torres de telefonia móvel.
A SpaceX informou que usaria o espectro como base para os negócios de conexão direta com células da Starlink em todo o mundo.
A empresa também poderia compartilhar espectro com parceiros de telecomunicações.
As ações da EchoStar subiram 26% nesta segunda em Nova York, atingindo a máxima histórica de US$ 84,48. Os papeis foram os que mais subiram no mercado de títulos de alto risco.
A venda do AWS-4 transfere mais uma joia da coroa do portfólio da EchoStar, encerrando as esperanças de que ela se tornasse a quarta maior operadora de telefonia móvel dos EUA, conforme estipulado pelos reguladores como parte da aprovação da fusão entre a T-Mobile e a Sprint.
Pelo acordo, a T-Mobile alienou ativos para a EchoStar, incluindo sua marca de telefonia móvel pré-paga Boost Mobile.
EchoStar já tinha vendido outros direitos de espectro para a AT&T por cerca de US$ 23 bilhões. Agora, a empresa deve resolver as investigações da Federal Communications Commission (FCC), dos quais ela faz parte.
Em maio, a FCC acusou a EchoStar de não utilizar efetivamente o espectro que lhe foi concedido. A comissão, então, ameaçou cassar algumas de suas licenças, dando início a uma série de negociações. A empresa parou de pagar títulos e considerou entrar com pedido de falência, alegando que a investigação prejudicou sua capacidade de tomar decisões sobre sua rede 5G.
“Os acordos que a EchoStar fechou com a AT&T e a Starlink têm o potencial de impulsionar a concorrência, estender novos serviços inovadores a milhões de americanos e impulsionar a liderança dos EUA em conectividade de última geração”, informou a FCC em um comunicado.
A agência analisará os pedidos e continuará focada em promover o uso benéfico dos escassos recursos de espectro, afirmou.
O acordo também é uma bênção para a SpaceX, que vem tentando desenvolver uma opção de satélite com conexão direta ao dispositivo. “O acordo vai combinar o espectro da EchoStar com os recursos de lançamento de foguetes e satélites da SpaceX. A ideia é ter mais inovação e ser mais rápida”, informou Hamid Akhavan, CEO da EchoStar, em comunicado.
Operadoras de satélite como a SpaceX, que buscam fornecer serviços móveis do espaço, geralmente precisam se associar a pelo menos uma empresa que tenha licenças de telefonia.
A SpaceX atualmente tem uma parceria com a T-Mobile US, mas a aquisição de espectro permitiria que ela ofereça seus próprios serviços de forma mais independente.
A FCC iniciou sua investigação sobre o uso do espectro da Echostar em meio a reclamações de Musk de que a EchoStar estaria monopolizando ondas de rádio, sem fornecer serviço comercial. A SpaceX havia solicitado à FCC permissão para compartilhar a banda que agora será sua.
O regulador designou a banda AWS-4, também conhecida como banda de 2 GHz, para transportar transmissões móveis terrestres, bem como tráfego entre satélites e infraestrutura terrestre. Em 2011, Ergen adquiriu os direitos de toda a banda da DBSD e da Terrestar, duas empresas de satélites que pediram falência.
A MDA Space, fabricante canadense de satélites, informou ter recebido uma notificação de rescisão da EchoStar relacionada a um contrato anunciado em 1º de agosto. A empresa afirmou que a rescisão é resultado de uma mudança repentina na estratégia.
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