O mês começou animado para a Azul. Em apenas uma semana, as ações da aérea (AZUL4) já acumulam uma alta de 121% na bolsa de valores. Só nesta segunda-feira (8), chegaram a disparar 31%. O motivo é técnico, como se diz no jargão do mercado: short squeeze.

Esse movimento acontece quando os investidores precisam desmontar as posições vendidas – ou seja, que ganham na queda da ação – em massa na B3. A Azul é uma das companhias com maior nível de aluguel em relação ao total de ações em negociação no mercado: no mês passado, quase 40% do chamado free float estava alugado, segundo levantamento da consultoria Elos Ayta.

Esse dado é importante porque o short squeeze funciona da seguinte forma: quando os profissionais de mercado enxergam que existe uma chance de uma ação cair e querem ganhar dinheiro com isso, eles alugam esse papel de outro investidor para vender no mercado – operação chamada de “venda a descoberto”. Quando a ação cai, o investidor recompra o papel na bolsa – por um preço mais baixo, claro – e fica com o lucro.

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Vamos pensar na ação da Azul. No mês passado, o papel chegou a custar perto de R$ 0,50 na B3. Se o investidor conseguisse vender por esse preço e recomprar por R$ 0,40, ele ganharia essa margem de R$ 0,10. Pode parecer pouco, mas, dado o volume das ações negociadas, muita gente poderia ganhar dinheiro com isso.

Acontece que o papel não caiu até agora. Ao contrário, está sendo negociado perto dos R$ 2. Isso apertou substancialmente a margem do investidor que vendeu a descoberto, que está correndo para comprar a ação antes que ela se valorize ainda mais e gere mais perdas. A partir daí, uma coisa alimenta a outra: a cotação da ação vai subindo, os “vendidos” vão comprando e isso estimula cada vez mais o movimento. O short squeeze começou justamente no fim de agosto.

A disparada da ação ocorre em um momento complicado para a Azul, que atravessa um processo de recuperação judicial (o Chapter 11) nos Estados Unidos e busca alongar mais as dívidas e reduzir custos. Mesmo com a disparada recente, as ações ainda acumulam queda de 51,98% em 2025, número que era ainda mais expressivo antes do movimento repentino de alta.

Analistas alertam que a Azul segue sob intensa pressão no seu balanço. Segundo relatório do BTG Pactual, cerca de 60% de seus custos são atrelados ao dólar, incluindo combustível, leasing (aluguel de aeronaves) e manutenção. Já o petróleo representa aproximadamente 40% das despesas operacionais. Além disso, a infraestrutura aeroportuária brasileira impõe gargalos relevantes à operação.

Paralelamente, a Azul tem avançado em seu plano de reestruturação de frota. Ainda segundo o relatório, a companhia já pediu a devolução de 20 aeronaves e 8 motores, incluindo modelos mais antigos e menos eficientes, para priorizar a substituição por aeronaves de nova geração, como o Embraer E2, e reduzir a frota total projetada para os próximos anos.

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Jornalista de economia, formada pela Faculdade Cásper Líbero e pelo Curso Valor de Jornalismo Econômico. Atuou na TV Cultura, na consultoria de dados Bites e no Valor Econômico (editoria de Empresas). Atualmente, é repórter de investimentos no InvestNews. Para sugestões e dicas: [email protected]

Jornalista especializada em finanças e investimentos, é formada pela Universidade Mackenzie e pós-graduada em Economia Brasileira pela Fipe-USP. Foi repórter do Valor Econômico e editora das revistas Veja e Veja Negócios. Tem certificação CNPI de análise de investimentos, com atuação na Exame e no BTG Pactual.

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