Rupert Murdoch e seus filhos resolveram uma disputa familiar conturbada com um acordo que concede ao filho favorito, Lachlan Murdoch, amplo controle sobre o império midiático, que inclui a Fox News.

Pelo acordo, Lachlan, de 54 anos, se tornará o único beneficiário do fundo que controla a Fox e a Fox News, enquanto três dos filhos de Murdoch — Prudence, Elisabeth e James — cederão suas participações. Em vez disso, eles receberão US$ 1,1 bilhão cada, de acordo com uma pessoa com conhecimento do assunto.

O acordo é uma vitória para Rupert Murdoch, 94, e Lachlan. Assim, o conglomerado, que inclui o The Wall Street Journal, que o InvestNews detém a exclusividade de publicação no Brasil, a editora HarperCollins e a emissora Fox, permanecerá sob o controle de Lachlan pelas próximas décadas. Eles argumentam que o valor do conglomerado de mídia advém, em grande parte, de seu posicionamento político, que é conservador.

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A batalha judicial começou em 2023, quando Rupert Murdoch tentou, pela primeira vez, alterar o fundo fiduciário da família e colocar Lachlan no comando.

Seu planejamento patrimonial previa que seus quatro filhos mais velhos assumiriam o controle do fundo após sua morte, com cada um tendo direito a um voto. Isso criou um cenário em que os três que não trabalham mais nas empresas poderiam destituir Lachlan.

A mudança pegou James, Elisabeth e Prudence de surpresa, e eles uniram forças para contestar a ação do pai em um tribunal de sucessões de Nevada, nos EUA, onde o fundo fiduciário foi registrado. Inicialmente, o tribunal decidiu que Murdoch poderia alterar o documento se estivesse agindo de boa-fé.

Mas, uma medida posterior reverteu a decisão e, mais recentemente, o caso entrou em apelação.

Murdoch detém 40% das ações com direito a voto nas empresas. Segundo o acordo, uma nova empresa familiar controlada por Lachlan terá 36% das ações com direito a voto na Fox e 33% na Fox News. Prudence, Elisabeth e James não terão mais participação nas companhias.

Ambas as empresas venderão ações no valor de cerca de US$ 1,4 bilhão. Uma nova empresa liderada por Lachlan comprará as ações dos irmãos, em parte com um empréstimo de US$ 1 bilhão. Os dois filhos mais novos de Murdoch serão coproprietários dessa nova empresa.

As ações com direito a voto da Fox News subiram 12% em 2025 e estão próximas de seu recorde histórico.

A batalha pelo controle do império familiar tem sido longa, com Lachlan, James e Elisabeth, todos com altos e baixos aos olhos do pai em vários momentos de suas carreiras.

O cabo de guerra serviu de inspiração para o drama da HBO, Succession, sobre um império de mídia dilacerado por conflitos familiares.

Em uma entrevista publicada em fevereiro pela Atlantic, James chamou seu pai de misógino e disse que uma empresa com uma boa cultura corporativa não tentaria aumentar a audiência mentindo para seu público.

O segundo filho mais velho de Rupert também disse que quaisquer mudanças que ele fizesse na Fox News se concentrariam na governança corporativa e editorial, não em sua orientação política. Ele disse que a Fox News ainda poderia ser uma mídia conservadora, mas não espalharia desinformação.

Lachlan é amplamente visto como alguém que mantém as mesmas visões políticas conservadoras de seu pai e tomou algumas decisões enquanto liderava as empresas, incluindo a compra do serviço de streaming Tubi por US$ 440 milhões em 2020.

Ele foi apontado como um dos primeiros sucessores de Murdoch e recebeu treinamento em diferentes funções dentro do império da família. No entanto, após desentendimentos com o falecido chefe da Fox News, Roger Ailes, e ver seu pai ficar do lado de Ailes, Lachlan renunciou ao cargo de executivo e se envolveu em vários empreendimentos comerciais na Austrália por quase uma década.

Ele finalmente voltou a trabalhar para o pai, tornando-se presidente da News e presidente executivo e CEO da Fox.

James também trabalhou em várias empresas de seu pai, incluindo o cargo de presidente do grupo jornalístico proprietário dos tabloides envolvidos em um escândalo de grampos telefônicos. Após a divulgação dos grampos, James renunciou em 2011.

Ele se tornou CEO da 21st Century Fox em 2015, mas seu mandato terminou quando a Fox vendeu seus ativos de entretenimento para a Walt Disney. James doou US$ 615.000 para a campanha de Biden em 2020 e apoiou causas climáticas ao lado de sua esposa, Kathryn. Ele deixou o conselho da News em 2020, alegando divergências sobre conteúdo editorial e decisões estratégicas.

Os anos de Lachlan não foram isentos de escândalos.

A Fox concordou em pagar US$ 787,5 milhões para encerrar um processo de difamação movido pela fabricante de máquinas de votação Dominion Voting Systems sobre as transmissões das eleições de 2020 da emissora.

A Fox ainda enfrenta um processo semelhante de difamação de US$ 2,7 bilhões movido pela empresa de tecnologia de votação Smartmatic USA.

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